sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tablado celebra seis décadas

Tablado celebra seis décadas

Clássicos serão remontados
Para celebrar os 60 anos do Tablado, completados no fim de 2011, o escola de dramaturgia está remontando peças de sucesso que fazem parte da história do teatro brasileiro. As comemorações começam oficialmente em maio com o clássico de Maria Clara Machado “A Menina e o Vento”, com direção de Cacá Mourthé e atuação de André Mattos, George Sauma e grande elenco.
Fundado em outubro de 1951 por Maria Clara Machado com um grupo de amigos de seu pai, Aníbal Machado, o Teatro Amador O Tablado, passou rapidamente a ser referência na formação de atores, figurinistas, cenógrafos, diretores, iluminadores, sendo considerado um celeiro de talentos até hoje. Dois anos antes, Maria Clara criou um grupo de teatro amador chamado “Os Farsantes”, e montou o espetáculo “A Farsa do advogado Pathelin”, dirigido pelo frei Sebastião Hasselman. Esse foi o embrião do teatro Tablado. A primeira peça a ser encenada no Tablado, em 1951, foi “O Moço Bom e Obediente”, um Nô japonês, que teve sua tradução feita por Cecília Meirelles.



Na década de 1990, Maria Clara Machado começa a dividir a direção de suas peças com a sobrinha Cacá Mourthé, que frequentou a escola desde criança e foi aluna e assistente de direção. No ano 2000, Maria Clara escreveu, em parceria com Cacá, a peça “Jonas e a Baleia”, fazendo da sobrinha sua herdeira à frente do Tablado. A atriz, diretora e professora escreveu 28 peças infantis e cinco destinadas a adultos. Muitos de seus textos para crianças como “Pluft, o Fantasminha”, “O Cavalinho Azul”, “A Menina e o Vento” e “A Bruxinha que era Boa”, continuam sendo encenados com frequência no Brasil e no exterior e já foram traduzidos em oito idiomas.

Durante seis décadas foram apresentados aproximadamente 125 espetáculos, e cerca de seis mil representações nesse período. Como teatro amador, a escola mantém a característica de formadora de talentos para o teatro profissional e ao longo dos 60 anos muitos alunos ficaram famosos: Cláudia Abreu, Malu Mader, Miguel Falabella, Drica Moraes, Enrique Diaz, Rodrigo Sant'anna, Thalita Carauta, Bia Nunes, Cláudio Corrêa e Castro, Louise Cardoso, Wolf Maia e muitos outros passaram pelo Tablado.

Veja galeria de fotos com montagens históricas do Tablado
Além de formar grandes atores, a escola tem em seu time de diretores nomes como João Bethencourt, Jacqueline Laurence, Sergio Viotti, Ivan Albuquerque e Luiz Antonio Martinez Corrêa. O maestro John Neschling, Francis Hime, Paulo Jobim e Carlos Lira também deixaram suas marcas nas trilhas sonoras dos espetáculos do Tablado.

Os cursos até hoje se mantêm bastante cheios. Há uma grande procura de jovens de todo o Brasil que sonham em tornarem-se atores. Atualmente, a grade é composta por uma oficina de teatro, curso de improvisação e curso de figurino e construção do personagem.

Curiosidades sobre o Tablado
“O Baile Dos Ladrões” fez tanto sucesso no Tablado em 1955, que numa de suas últimas apresentações encontravam-se na plateia o então presidente da República, Café Filho, além de dois Ministros – Raul Fernandes, das Relações Exteriores, e Eugenio Gudin, então Ministro da Fazenda. Neste dia, o ator Nelson Dantas que fazia o papel de Lord Edgard ficou doente e foi substituído pelo diretor da peça, Geraldo Queiroz que, diante de tão seleta plateia chegou a se atrapalhar, errando marcações, sem, no entanto, prejudicar o espetáculo.

Contam os mais chegados à Maria Clara Machado que, certa vez, um namorado dela manifestou a vontade de lhe dar um anel. Ela, sem pensar duas vezes, agradeceu muito a intenção do rapaz, mas pediu que trocasse o anel por dois refletores para o Tablado.

Durante as filmagens dirigidas por Romain Lessage na produção do filme “Pluft, o Fantasminha”, as cenas passadas na taberna onde se reuniam os marinheiros tiveram a participação de um grupo de famosos atuando como figurantes: Tom Jobim, Vinicius de Morais, Paulo Mendes Campos, Dorival Caymmi, Lucio Rangel, Rubem Braga e Sergio Porto, criador de Stanislaw Ponte Preta.

Na primeira montagem do “O Cavalinho Azul”, em 1960, durante um dos ensaios, Maria Clara percebeu alguém lá no fundo da plateia, quietinho. Precisando de um ator para completar o trio dos bandidos na peça, ela imediatamente o chamou. Essa pessoa era Yan Michalski que ganhava, assim, seu primeiro papel falado. Mais tarde, Michalski se tornou um dos mais respeitados críticos teatrais brasileiros.

Em 1975 a peça “O Dragão” foi ameaçada de ser suspensa e Maria Clara declarou na ocasião que se isso acontecesse ela fecharia o Tablado e daria uma entrevista na imprensa denunciando aquela violência. A peça foi liberada, mas com muitos cortes.


Fonte; http://www.globoteatro.com.br/bis-1164-tablado.htm